TEXTO
ÁUREO: "Quando a Deus
fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o
que votares, paga-o" (Ec 5.4).
VERDADE
PRÁTICA
A nossa vida de
adoração somente será verdadeira quando nos conscientizarmos dos nossos
direitos e deveres diante de Deus.
INTRODUÇÃO
I - OBRIGAÇÕES E DEVOÇÃO
1. Obrigações de
natureza político-social. Há um ditado popular que diz:
"Primeiro a obrigação, depois a devoção". Aqui, há um dualismo que
separa a obrigação (vida social) da devoção (vida espiritual), como se ambas
fossem duas dimensões distintas. Tal máxima não é bíblica, pois o livro de
Eclesiastes denota uma perspectiva completamente oposta (Ec 8.2) “Eu digo:
observa o mandamento do rei, e isso em consideração para com o juramento de
Deus”. As Escrituras orientam-nos a priorizar o Reino de Deus sem perder de
vista a dimensão material em que estamos inseridos (Mt 6.33) “Mas buscai
primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas” (Mt 22.21) “Disseram-lhe eles: De César. Então, ele lhes disse:
Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus”.
1. Reverência.
Todo culto tem uma liturgia, e não há nada de errado nisso. A palavra liturgia
está associada ao culto da Igreja Primitiva. Quando em Antioquia houve uma
escolha e separação de obreiros para a obra missionária (At 13.2) “E, servindo
eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a
Saulo para a obra a que os tenho chamado”, Lucas registra o fato utilizando a
palavra grega leitourgeo para designar serviço, e dessa palavra vem o vocábulo
português liturgia. Esta também faz parte da adoração a Deus.
Salomão sabia disso
e advertiu-nos quanto ao cuidado que devemos ter quando entrarmos na casa de
Deus (Ec 5.1) “Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; e inclina-te
mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem
mal”. Desligue o celular, não masque chiclete, seja reverente! Seja um
verdadeiro adorador!
1. Deus, o criador.
Todas as religiões possuem a noção do sagrado e demonstram respeito por ele. No
cristianismo, como no judaísmo, a consciência do sagrado revela-se na
manifestação do Deus verdadeiro, que ao longo da história deu-se a conhecer ao
homem. O Deus Criador se distingue da própria criação (Dt 4.15-20) “Guardai,
pois, com diligência a vossa alma, pois semelhança nenhuma vistes no dia em que
o SENHOR, vosso Deus, em Horebe, falou convosco, do meio do fogo; para que não
vos corrompais e vos façais alguma escultura, semelhança de imagem, figura de
macho ou de fêmea; figura de algum animal que haja na terra, figura de alguma
ave alígera que voa pelos céus; figura de algum animal que anda de rastos sobre
a terra, figura de algum peixe que esteja nas águas debaixo da terra; e não
levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o
exército dos céus, e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas
àqueles que o SENHOR, teu Deus, repartiu a todos os povos debaixo de todos os
céus. Mas o SENHOR vos tomou e vos tirou do forno de ferro do Egito, para que
lhe sejais por povo hereditário, como neste dia se vê”. A teologia bíblica
denomina essa doutrina de "a transcendência de Deus". Deus está além
de suas criaturas, como afirma o Eclesiastes: "Deus está nos céus, e tu
estás sobre a terra" (Ec 5.2b). Ele pode humanizar-se, como já o fez (Jo
1.14) “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a
glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”, mas o homem não pode
tornar-se divino. Quem procurou ser igual a Deus foi expulso do céu (Ez 28.1,2)
“E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, dize ao príncipe de
Tiro: Assim diz o Senhor JEOVÁ: Visto como se eleva o teu coração, e dizes: Eu
sou Deus e sobre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares (sendo tu homem
e não Deus); e estimas o teu coração como se fora o coração de Deus,” (Is
14.12-15) “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste
lançado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu
subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e, no
monte da congregação, me assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei acima
das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. E, contudo, levado serás
ao inferno, ao mais profundo do abismo”.
1. Deus está próximo.
O atributo da imanência divina revela-nos um Deus que se relaciona com a sua
criação. Isto significa que o Pai Celeste não é um Deus distante que, após
criar o mundo, ausentou-se dele! Pelo contrário, Ele é um Deus presente,
participa da sua criação e nela intervém.
O capítulo cinco de
Eclesiastes narra Salomão falando do culto a Deus e como o Senhor identifica-se
com o homem que lhe oferece adoração, seja aprovando-o ou reprovando-o (Ec
5.4b) “porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o”. Essa mesma
verdade é confirmada em o Novo Testamento (2 Co 6.16) “E que consenso tem o
templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como
Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, e eles
serão o meu povo”. A proximidade de Deus com o homem deve fazer-nos melhores
crentes e pessoas.
CONCLUSÃO
INTRODUÇÃO
Na lição anterior,
vimos que o pregador tratou sobre as coisas que acontecem "debaixo do
sol" (Ec 1-4). Ele demonstrou que o conhecimento sem o temor de Deus não é
sabedoria, mas loucura. Demonstrou ainda que a busca desenfreada pelo prazer é
correr "atrás do vento" e que a aquisição de bens materiais não pode
fazer de nós pessoas felizes. E, por último, ensinou que o trabalho, sem a
visão objetiva de Deus transforma-se em mero ativismo.
A partir do capítulo
cinco, porém, Salomão versa sobre o estilo de vida do adorador consciente dos
seus direitos e obrigações diante de Deus. Esse assunto é o que, à luz dos
atributos divinos revelados nas Escrituras Sagradas - santidade, transcendência
e imanência -, buscaremos compreender. Nesta lição, veremos que as nossas
obrigações não se limitam ao "mundo eclesiástico-religioso", mas
também ao universo que Deus criou.
Vivemos em um mundo
em que há autoridades constituídas e onde, consequentemente, direitos e deveres
são estabelecidos. Somos cidadãos e possuímos direitos e deveres para com o
Estado. Pagamos os impostos, podemos votar e receber votos. Enfim, não podemos
eximir-nos das nossas obrigações para com a nação. A nossa consciência cívica
deve ter como base a Bíblia Sagrada.
2. Obrigações de
natureza religiosa. Além da nossa obrigação político-social, de
natureza cível, há também a de natureza religiosa ou espiritual. Elas acontecem
na dimensão do culto, da adoração.
A palavra hebraica
shachar mantém o sentido de "prostrar-se com deferência diante de um
superior" (Gn 22.5) “E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o
jumento, e eu e o moço iremos até ali; e, havendo adorado, tornaremos a vós”
(Êx 20.5) “Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR, teu
Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira
e quarta geração daqueles que me aborrecem”. É com esse entendimento que
Salomão fala da casa de Deus como o local de adoração (Ec 5.1) “Guarda o teu
pé, quando entrares na Casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a
oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal”. Construtor do
grande templo, ele sabia que essa casa tinha como objetivos centralizar o
culto, a fim de assegurar os elementos mais sublimes de sua liturgia: a
adoração verdadeira a Deus e a unidade dos adoradores num único povo.
II
- OBRIGAÇÕES ANTE A SANTIDADE DE DEUS
2. Obediência.
Obedecer a um conjunto de normas e regras sem atentar para os princípios que o
fundamentam é puro legalismo. Não vale a pena observar o preceito
sem atentar para o princípio existente por trás dele. O livro de Eclesiastes
demonstra isso com clareza (Ec 5.1) “Guarda o teu pé, quando entrares na Casa
de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois
não sabem que fazem mal”, pois Deus não se interessa na observância do
sacrifício em si, e sim na obediência aos princípios que regulamentam a sua
prática. Foi exatamente isso que o profeta Samuel ensinou a Saul (1 Sm 15.22)
“Porém Samuel disse: Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e
sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é
melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de
carneiros.”
III
- OBRIGAÇÕES FRENTE À TRANSCENDÊNCIA DE DEUS
2. Homem, a criatura.
O homem foi criado por Deus como a coroa da criação. Ele não surgiu do acaso
nem de uma mistura acidental de elementos naturais. E a nós Deus se revelou,
manifestou seus atributos, vontades e apesar de estarmos condenados à morte
eterna, Deus proporcionou em Jesus Cristo a salvação que nos era necessária
para que passássemos a eternidade futura com o nosso Criador e Redentor.
IV
- OBRIGAÇÕES DIANTE DA IMANÊNCIA DE DEUS
2. O valor das
orações e votos. Deus não apenas se faz presente, mas também
prometeu abençoar os seus filhos, atendendo nossas orações e súplicas. Isso
acontecerá quando orarmos de acordo com sua vontade (Jr 29.12,13) “Então, me
invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis e me
achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jo 14.13,14) “E tudo
quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no
Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei”.
Cientes dessa
verdade, os judeus não somente oravam a Deus, como também se empenhavam com
votos (Nm 30.3-16) “Também quando uma mulher fizer voto ao SENHOR, e com
obrigação se ligar em casa de seu pai na sua mocidade; e seu pai ouvir o seu
voto e a sua obrigação, com que ligou a sua alma, e seu pai se calar para com
ela, todos os seus votos serão válidos, e toda obrigação, com que ligou a sua
alma, será valiosa. Mas, se seu pai se opuser no dia em que tal ouvir, todos os
seus votos e as suas obrigações, com que tiver ligado a sua alma, não serão
válidos; mas o SENHOR lho perdoará, porquanto seu pai lhos vedou. E, se ela
tiver marido e for obrigada a alguns votos ou dito irrefletido dos seus lábios,
com que tiver ligado a sua alma; e seu marido o ouvir e se calar para com ela
no dia em que o ouvir, os seus votos serão válidos; e as suas obrigações, com
que ligou a sua alma, serão valiosas. Mas, se seu marido lho vedar no dia em
que o ouvir e anular o seu voto a que estava obrigada, como também a declaração
dos seus lábios, com que ligou a sua alma, o SENHOR lho perdoará. No tocante ao
voto da viúva ou da repudiada, tudo com que ligar a sua alma sobre ela será
válido. Porém, se fez voto na casa de seu marido ou ligou a sua alma com
obrigação de juramento, e seu marido o ouviu, e se calou para com ela, e lho
não vedou, todos os seus votos serão válidos, e toda obrigação, com que ligou a
sua alma, será valiosa. Porém, se seu marido lhos anulou no dia em que os
ouviu, tudo quanto saiu dos seus lábios, quer dos seus votos, quer da obrigação
da sua alma, não será válido; seu marido lhos anulou, e o SENHOR lho perdoará.
Todo voto e todo juramento de obrigação, para humilhar a alma, seu marido o
confirmará ou anulará. Porém, se seu marido de dia em dia se calar inteiramente
para com ela, então, confirmará todos os seus votos e todas as suas obrigações
que estiverem sobre ela; confirmado lhos tem, porquanto se calou para com ela
no dia em que o ouviu. Porém, se de todo lhos anular depois que o ouviu, então,
ele levará a iniqüidade dela. Estes são os estatutos que o SENHOR ordenou a
Moisés entre o marido e sua mulher, entre o pai e a sua filha, na sua mocidade,
em casa de seu pai” (Dt 23.21-23) “Quando votares algum voto ao SENHOR, teu
Deus, não tardarás em pagá-lo; porque o SENHOR, teu Deus, certamente o
requererá de ti, e em ti haverá pecado. Porém, abstendo-te de votar, não haverá
pecado em ti. O que saiu da tua boca guardarás e o farás, mesmo a oferta
voluntária, assim como votaste ao SENHOR, teu Deus, e o declaraste pela tua
boca”. Não há dúvidas de que o livro de Eclesiastes tem em mente essas
passagens bíblicas, quando adverte sobre a seriedade do voto (Ec 5.4) “Quando a
Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de
tolos; o que votares, paga-o”. Em o Novo Testamento, não encontramos um
preceito específico concernente a essa prática, mas o seu princípio permanece
válido, pois o cumprimento de um voto, ou de um propósito diante de Deus, é
algo que ultrapassa gerações.
Nesta lição,
abordamos as palavras de Salomão no contexto da adoração bíblica.
Conscientizamo-nos de que não há adoração verdadeira que não leve em conta as
obrigações diante de Deus e dos homens. Se quisermos viver uma vida espiritual
plena devemos ter em mente as implicações que a acompanham. De nada adianta
termos templos suntuosos, pregadores eloquentes e cantores famosos se não
estamos cumprindo as obrigações que uma verdadeira adoração requer.
Referências
Revista Lições
Bíblicas. SABEDORIA DE DEUS PARA UMA VIDA VITORIOSA, A
atualidade de Provérbios e Eclesiastes. Lição 10 – Cumprindo as obrigações
diante de Deus. Editora CPAD. Rio de Janeiro – RJ. 4° Trimestre de
2013.
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