O autismo é um transtorno definido por
alterações presentes antes dos três anos de idade e que se caracteriza por
alterações qualitativas na comunicação, na interação social e no uso da
imaginação.
O autismo é uma inadequacidade no
desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida. É
incapacitante e aparece tipicamente nos três primeiros anos de vida. Acomete
cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e é quatro vezes mais comum no sexo
masculino do que no feminino. É encontrado em todo o mundo e em famílias de
qualquer configuração racial, étnica e social. Não se conseguiu até agora provar
qualquer causa psicológica no meio ambiente dessas crianças que possa causar a
doença.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Segundo a ASA - Autism Society of American (em português: Associação Americana de
Autismo), os sintomas são causados por disfunções físicas do cérebro,
verificados pela anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o indivíduo.
Incluem :
- Distúrbios
no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e lingüísticas.
- Reações
anormais às sensações. As funções ou áreas mais afetadas são: visão,
audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o
corpo.
- Fala e
linguagem ausentes ou atrasadas. Certas áreas específicas do pensar,
presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de ideias.
Uso de palavras sem associação com o significado.
- Relacionamento
anormal com os objetivos, eventos e pessoas. Respostas não apropriadas a
adultos e crianças. Objetos e brinquedos não usados de maneira devida.
- Definição do DSM-IV-TR (2002)
O Transtorno Autista consiste na presença de um
desenvolvimento comprometido ou acentuadamente anormal da interação social e da
comunicação e um repertório muito restrito de atividades e interesses. As
manifestações do transtorno variam imensamente, dependendo do nível de
desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo.
- Definição da CID-10 (2000)
Autismo infantil: Transtorno global do
desenvolvimento caracterizado por:
a) um desenvolvimento anormal ou alterado,
manifestado antes da idade de três anos;
b) apresentando uma perturbação característica
do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais,
comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se
acompanha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por
exemplo: fobias, perturbações de sono ou da
alimentação, crises de birra ou agressividade
(auto-agressividade).
Características do autismo
Segundo a ASA (Autism Society of America),
indivíduos com autismo usualmente exibem pelo menos metade das características
listadas a seguir:
- Dificuldade de relacionamento com outras
pessoas
- Riso inapropriado
- Pouco ou nenhum contato visual - não olha nos olhos
- Aparente insensibilidade à dor - não responde adequadamente a uma situação
de dor
- Preferência pela solidão; modos arredios - busca o isolamento e não procura outras
crianças
- Rotação de objetos - brinca de forma inadequada ou bizarra com
os mais variados objetos
- Inapropriada fixação em objetos
- Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade - muitos têm problemas de sono ou excesso de
passividade
- Ausência de resposta aos métodos normais de
ensino - muitos precisam de
material adaptado
- Insistência em repetição desnecessária de
assuntos, resistência à mudança de rotina
- Não tem real medo do perigo (consciência de situações que envolvam
perigo)
- Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se
de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a
após tocar de uma determinada maneira os alisares)
- Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da
linguagem normal)
- Recusa colo ou afagos - bebês preferem ficar no chão que no colo
- Age como se estivesse surdo - não responde pelo nome
- Dificuldade em expressar necessidades - sem ou limitada linguagem oral e/ou
corporal (gestos)
- Acessos de raiva - demonstra extrema aflição sem razão
aparente
- Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode
arrumar blocos
- Desorganização sensorial - hipo ou hipersensibilidade, por exemplo,
auditiva
- Não faz referência social - entra num lugar desconhecido sem antes
olhar para o adulto (pai/mãe) para fazer referência antes e saber se é
seguro
Observação: É relevante salientar que nem todos os indivíduos com autismo
apresentam todos estes sintomas, porém muitos dos sintomas estão presentes
entre os 12 e os 24 meses da criança. Eles variam de leve a grave e em
intensidade de sintoma para sintoma, pois o autismo se manifesta de forma única
em cada pessoa. Adicionalmente, as alterações dos sintomas ocorrem em
diferentes situações e são inapropriadas para sua idade.
Vale salientar também que a ocorrência desses
sintomas não é determinista no diagnóstico do autismo. Para tal, se faz
necessário acompanhamento com psicólogo, psiquiatra da infância ou neuropediatra.
Diagnóstico
Os sistemas diagnósticos (DSM-IV e CID-10) têm
baseado seus critérios em problemas apresentados em três áreas, com início
antes dos três anos de idade, que são:
a) comprometimento na interação social;
b) comprometimento na comunicação verbal
e não-verbal, e no brinquedo imaginativo;
c) comportamento e interesses restritos e
repetitivos de maneira desnecessária.
É relevante salientar que essas informações
devem ser utilizadas apenas como referência. Além de destacar a importância do
diagnóstico precoce "porque quanto mais cedo é identificado um transtorno,
mais rápido o curso normal do desenvolvimento pode ser retomado. Porém os
resultados dependem não somente da identificação dos atrasos e da indicação dos
tratamentos adequados e eficazes, mas da aceitação dessa condição diferenciada
pelas famílias e pelo futuro de cada um, que não dominamos nem sabemos", como
explica o psiquiatra da infância e adolescência Walter Camargos Jr.
Recomenda-se caracterizar a queixa da família:
sinais, sintomas, comportamento, nível de desenvolvimento cognitivo e escolar
do indivíduo - quando for o caso, relacionamento inter-pessoal, investigar os
antecedentes gineco-obstétricos, história médica pregressa, história familiar
de doenças neurológicas, psiquiátricas ou genéticas, analisar os critérios do
DSM-IV-TR ou da CID-10, realizar avaliações complementares (investigações
bioquímicas, genéticas, neurológicas, psicológicas, pedagógicas,
fonoaudiológicas, fisioterápicas), pensar a respeito do diagnóstico
diferencial, investigar a presença de comorbidades, classificar o transtorno,
planejar e efetivar o tratamento.
Muitas vezes, o autismo é confundido com outras
síndromes ou com outros transtornos globais do desenvolvimento, pelo fato de
não ser diagnosticado através de exames laboratoriais ou de imagem, por não
haver marcador biológico que o caracterize, nem necessariamente aspectos sindrômicos
morfológicos específicos; seu processo de reconhecimento é dificultado, o que
posterga a sua identificação.
Um diagnóstico preciso deve ser realizado, por
um profissional qualificado, baseado no comportamento, anamnese e observação
clínica do indivíduo.
O autismo pode ocorrer isoladamente, ser
secundário ou apresentar condições associadas, razão pela qual é extremamente
importante a identificação de comorbidades bioquímicas, genéticas,
neurológicas, psiquiátricas, entre outras.
Condições que podem estar
associadas ao Autismo:
Acessos de raiva, agitação, agressividade, auto-agressão, auto-lesão (bater a
cabeça, morder os dedos, as mãos ou os pulsos), ausência de medo em resposta a
perigos reais, catatonia, complicações pré, peri e pós-natais, comportamentos
autodestrutivos, déficits de atenção, déficits auditivos, déficits na percepção
e controle motor, déficits visuais, epilepsia , esquizofrenia, hidrocefalia,
hiperatividade, impulsividade, irritabilidade, macrocefalia, microcefalia,
mutismo seletivo, paralisia cerebral, respostas alteradas a estímulos
sensoriais (alto limiar doloroso, hipersensibilidade aos sons ou ao toque,
reações exageradas à luz ou a odores, fascinação com certos estímulos), retardo
mental, temor excessivo em resposta a objetos inofensivos, transtornos de
alimentação (limitação a comer poucos alimentos), transtornos de ansiedade,
transtornos de linguagem, transtorno de movimento estereotipado, transtornos de
tique, transtornos do humor/afetivos (risadinhas ou choro imotivados, uma aparente
ausência de reação emocional), transtornos do sono (despertares noturnos com
balanço do corpo).
Síndromes Cromossômicas
ou Genéticas: Acidose láctica, Albinismo
oculocutâneo, Amaurose de Leber, Desordem marfan-like, Distrofia muscular de
Duchenne, Esclerose Tuberosa, Fenilcetonúria, Galactosemia ,Hipomelanose de
Ito, Histidinemia, Neurofibromatose tipo I, Seqüência de Moebius, Síndrome de
Angelman ,Síndrome de Bourneville , Síndrome da Cornélia de Lange ,Síndrome de
Down, Síndrome fetal alcóolica, Síndrome de Goldenhar, Síndrome de Hurler,
Síndrome de Joubert, Síndrome de Laurence-Moon-Biedl, Síndrome de
Landau-Kleffner, Síndrome de Noonan, Síndrome de Prader-Willi, Síndrome da
Talidomida, Síndrome de Tourette, Síndrome de Sotos, Síndrome do X-frágil,Síndrome de Williams
Infecções associadas ao
Autismo:
Caxumba,Citomegalovírus,Herpes,Pneumonia,Rubéola, Sarampo, Sífilis,Toxoplasmose
e Varicela
O diagnóstico do transtorno autista é clínico e
não poderá, portanto, ser feito puramente com base em testes e ou escalas de
avaliação.
Avaliações de ordem psicológica, fonoaudiológica
e pedagógica são importantes para uma avaliação global do indivíduo.
Recomenda-se utilizar um instrumento de
avaliação adicional para identificar a presença de Retardo Mental (RM). Na
maioria dos casos de autismo (70% a 85%), existe um diagnóstico associado de RM
que pode variar de leve a profundo.
A incidência de epilepsia nos indivíduos com
autismo varia de 11% a 42%.
Convulsões podem desenvolver-se,
particularmente, na adolescência.
Exames
O diagnóstico do autismo é feito clinicamente,
mas pode ser necessário a realização de exames auditivos com a finalidade de um
diagnóstico diferencial.
Outros exames devem ser considerados não para
diagnóstico, mas com a finalidade de se realizar um bom tratamento. São eles:
ácidos orgânicos, alergias alimentares, metais no cabelo, perfil ION,
imunodeficiências, entre outros.
Dia Mundial do Autismo
Em 2011, no Dia Mundial da Conscientização do
Autismo, todo 2 de abril, conforme
decretado pela ONU em dezembro
de 2007 , a revista
tornou-se a página oficial do evento no país, reunindo informação de ações de
entidades e de pequenos grupos de pessoas em todo o Brasil, em prol da
divulgação de informações sobre autismo na luta por mais direitos e
menos preconceito . As ações brasileiras para a data conseguiram inclusive
iluminar grandes monumentos de azul (cor símbolo do autismo), como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro , a Ponte Estaiada em São Paulo , os prédios do Senado Federal e do Ministério da Saúde em Brasília , o Teatro Amazonas em Manaus , entre
muitos outros.
Tratamentos do Autismo
O tratamento do autismo vai depender da
gravidade do déficit social, de linguagem e comportamental que o indivíduo se
encontra. Existem diversas abordagens, algumas muito melhor embasadas
cientificamente que outras. Pais insatisfeitos com os resultados
Em crianças pequenas, a prioridade do tratamento
normalmente é o desenvolvimento da fala, da interação social/linguagem, educação especial e suporte
familiar. Já com adolescentes, o tratamento é voltado para o desenvolvimento de
habilidades sociais necessários para uma boa adaptação, desenvolvimento de
habilidades profissionais (terapia ocupacional) e terapia
para desenvolvimento de uma sexualidade saudável. Com adultos, o foco está no
desenvolvimento da autonomia, ensino de regras para uma boa convivência social
e manutenção das habilidades aprendidas.
De um modo geral o tratamento tem 4 objetivos :
- Estimular
o desenvolvimento social e comunicativo;
- Aprimorar
o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas;
- Diminuir
comportamentos que interferem com o aprendizado e com o acesso às
oportunidades de experiências do cotidiano; e
- Ajudar
as famílias a lidarem com o autismo.
Os indivíduos com autismo têm uma expectativa de
longevidade normal, porém sua agressividade, dificuldade de pedir ajuda e
dificuldade em obedecer regras podem ser perigosos. Algumas formas de autismo
grave exigem acompanhamento pelo resto da vida para evitar situações de risco.
O autismo é um transtorno que nunca desaparece
completamente, porém com os cuidados adequados o indivíduo se torna cada vez
mais adaptado socialmente. Intervenções apropriadas iniciadas precocemente
podem fazer com que alguns indivíduos melhorem de tal forma que os traços
autísticos ficam imperceptíveis para aqueles que não conheceram a trajetória
desenvolvimental desses indivíduos. O diagnóstico precoce do autismo permite a
indicação antecipada de tratamento.
Um tratamento adequado deve levar em
consideração as comorbidades (ou seja,
outros transtornos associados a cada caso) para a realização de atendimento
apropriado em função das características particulares do indivíduo. Exemplos de
comorbidades incluem Transtorno obsessivo-compulsivo e problemas de aprendizagem.
A terapêutica pressupõe uma equipe multi e interdisciplinar
– tratamento médico (pediatria e psiquiatria) e
tratamento não-médico (psicologia, fonoaudiologia, pedagogia e terapia ocupacional),
profissionalizante e inclusão social, uma vez que a intervenção apropriada
resulta em considerável melhora no prognóstico.
O sucesso do tratamento depende não só do
empenho e qualificação dos profissionais que se dedicam ao atendimento destes
indivíduos, como também dos estímulos feitos pelos cuidadores no ambiente
familiar. Quanto mais os cuidadores souberem sobre o tratamento do autismo,
melhor para o desenvolvimento global da criança. Dentre os fatores mais
importantes para o prognóstico do
funcionamento social geral e desempenho escolar destacam-se o nível cognitivo
da criança, o grau de desenvolvimento na linguagem e o desenvolvimento de
habilidades adaptativas, como as de auto-cuidado.
A demora no processo de diagnóstico e aceitação
é prejudicial ao tratamento, uma vez que a identificação precoce deste
transtorno global do desenvolvimento permite um encaminhamento adequado e
influencia significativamente na evolução da criança.
Os atendimentos precoces e intensivos podem
fazer uma diferença importante no prognóstico do autismo.
O quadro de autismo não é estático, alguns
sintomas modificam-se, outros podem amenizar-se e vir a desaparecer, porém
novas características poderão surgir com a evolução do indivíduo. É
aconselhável avaliações sistemáticas e periódicas.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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